04.01.2016

O Vinho Verde

Fresco, jovem, típico do Noroeste de Portugal, estendido por uma área de mais de 70 mil hectares, a matéria- prima dos vinhos verdes representa 15% das uvas plantadas em Portugal. Estes frutos únicos nascem em chão xistoso e arenoso, mas ganham vida e ritmo na cadência das estações extremas (calor forte e chuva intensa). Embora as principais castas associadas à sua elaboração, sobretudo no verde branco- já que o tinto também existe mas não é tão representativo - sejam as Alvarinho, Pedernã, Trajadura (ou Trincadeira), Avesso e Batoca, há sub- regiões que lhe acrecentam ainda a Casta Loureiro, de intensos aromas florais.

É comum ajudar o “pico” ou a agulha” do vinho, com recurso à adição de gás carbónico, que lhe confere o toque espumoso. Para ser bom, deve ser verde, ou seja, jovem, proveniente de safras recentes. Só o Alvarinho, com menos acidez e mais robusto, pode durar cerca de três anos sem perder a sua classe. Nos vinhos tintos verdes destacam-se as Espadeiro, Rabo de Ovelha e Vinhão, embora os apreciadores não o mencionem tanto nem a sua fama seja tão considerável.

Amares: no coração do Minho

A sub-região do Cávado, em concreto Amares, integra também aquela que é considerada a maior área vitivinícola portuguesa. Ali, em terras de gente simples, além do papel das Adegas Cooperativas, há a registar a dinâmica dos produtores que, em crescendo, têm vindo a conquistar mercados internacionais. É também nesta zona que a cultura da vinha tem também algumas coisas originais, desde a vindima tradicional à chamada “vinha do enforcado”, que designa “um antigo sistema de condução de vinha em que as videias trepam por árvores, desenvolvendo-se a uma altura considerável do solo”, segundo se lê no historial da cultura vínica local.

Em Amares, predomina a Casta Loureiro, suave e florida, explorada por muitos, mas com especial destaque para a Casa da Tapada (vinho premiado com medalhas de ouro e bronze para o seu espumante), Terras de Amares, Quinta de Amares (diversas vezes vencedor de prémios), Solar das Bouças, Encostas da Abadia e Terras do Cávado. O produtor do Terras de Amares, José Carlos Costa, por exemplo, tem mais de duas dezenas de explorações a seu cargo que, sazonalmente, empregam centenas de pessoas.

Como os seus conterrâneos, grande parte dos 500 mil litros de vinho anuais que produz escoa-se para restaurantes e negócios regionais, mas a importação tem crescido e tem vindo a expandir-se, desde a Guiné, França, Luxembrugo e até China. Um dos sonhos deste vitivinicultor é também a criação de um projecto de relevo que mostre aos turistas todo o ciclo do vinho, sobretudo as vindimas, tradição que no Minho, é tão alegre que se diz que parte dessa alegria passa para o vinho.